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RELEMBRANDO/ELEIÇÕES MUNICIPAIS TR 1988

RELEMBRANDO/ELEIÇÕES MUNICIPAIS TR 1988




RÉQUIEM PARA O PREFEITO

1ª parte


O governo do prefeito Samir Nasser se prolongou até o ano de 1988, por obra e graça de nova decisão federal em dar prorrogação aos mandatos executivos.
Em face de sua fecunda e aplaudida administração, tônico que dera ainda mais vigor ao PMDB, sabia muito bem o prefeito do seu próprio apogeu e do apogeu conquistado por seu partido.
Se tais coroamentos por um lado eram motivo de jactâncias partidárias, por outro trazia uma grande responsabilidade, sob o peso da preocupação da escolha do nome que iria sucedê-lo. Uma exigência era imperativa: a obrigatoriedade de um nome que mostrasse competência e aceitação popular tal qual o de Waldir Medeiros, que o sucedera em 1977 e que quebrara um tabu de trinta anos do prefeito não fazer o seu sucessor. Mas não eram apenas razões ligadas à manutenção da hegemonia peemedebista que levava Samir Nasser e seu alto comando a fazer uma pausa para a meditação do momento político. Era, também, uma ameaça manhosa e perigosa que já corria veloz pelos quadrantes do município: a anunciada candidatura de Alberto Lavinas para a prefeitura.
Lavinas, após um estratégico período de afastamento da política municipal, retornava em cena vestindo nova camisa partidária com cores do PDT. A essa época estava definitivamente incorporada à sua personalidade a marca do destemido político que nunca se acomodara à camisa de força partidária. Vestiu e desvestiu quantas quis. Não se submeteu a regras fixas nem a ortodoxias, nem jamais deixou se intimidar por patrulhamentos de qualquer natureza.
Infiel partidário para uns, rebelde às amarras ideológicas das variadas siglas onde se acomodou, para outros, no fundo, no fundo, uma conclusão prática explicava suas sucessivas migrações: acreditava em si mesmo!
Alberto da Silva Lavinas nasceu em Três Rios no dia 10 de maio de 1930. Após seus estudos básicos em estabelecimentos locais fez o antigo curso científico na Academia de Comércio de Juiz de Fora. Iniciou a sua vida profissional no seu consultório de dentista, para onde atraiu seleta clientela.
Seu ingresso na política aconteceu acompanhando as campanhas do tio vereador Octávio Freitas e do vizinho ex-vereador e postulante a deputado estadual, Arsonval Macedo. Seu ensaio político teve início numa candidatura a vereador, em 1954, pela UDN, e na qual não obteve sucesso, o que só foi conseguido nas eleições de 1958, já nos quadros do PTB.
No desempenho do seu primeiro mandato fez conhecida a rapidez do seu raciocínio político, sua sagacidade, a vocação para o embate e, de roldão, o consequente brilho crescente da sua estrela pessoal e política.
Do legislativo saltou para e executivo quando foi eleito vice-prefeito, em 1962, do segundo mandato do prefeito Joaquim Ferreira. Após o golpe militar de 1964, com a implantação do bipartidarismo, em 1965, foi um dos fundadores da célula municipal do MDB, partido pelo qual se elegeu prefeito em 1967, realizando administração que o deixou célebre. Saltou do governo municipal para dois mandatos seguidos de deputado federal. Teve também rápida passagem pelo PMDB, todavia, nas eleições de 1982, já estava filiado ao situacionista PDS e por ele concorrendo pela segunda vez à prefeitura. Enfrentara Samir Nasser - por muitos considerados sua cria política – e por ele foi fragorosamente derrotado. Macaco velho, sua imagem de criador rendeu-se à superioridade da sua criada e robustecida criatura.
Ainda no pluripartidarismo, ao beneplácito do PDS, teve indicação para suplente de senador biônico, inovação de mandato legislativo para aquela alta corte brasileira através da votação indireta.
Certamente sem nunca ter lido “O Príncipe”, de Maquiavel ou “Tartufo”, de Moliére, sua malícia e perspicácia fizeram dele fiel exato representante prático, objetivo e pragmático dos fundamentos e dos sentidos das obras daqueles dois maravilhosos clássicos da arte da condução coletiva.
Como Alberto Lavinas ao inimigo não mandava flores, o estilo da sua campanha de 1988 bem veio confirmar sua tradicional demolidora receita em tratar rivais políticos. Com estratégias que batiam pesadamente no alto comando do PMDB municipal, fez notável o seu "jingle" de campanha, que remetia a uma ideia de que sob o comando de Samir Nasser fora estabelecida uma temporada de verborragia na administração do município e criticava a carência de efetiva praticidade naquele governo, o que, naturalmente, só ele teria as fórmulas necessárias de execução. Daí, não se intimidou em chamar a corrente antagônica- mais notadamente Samir Nasser- alegoricamente, de “falador”, para exaltar-se como “ fazedor.” Aos primeiros acordes do seu "jingle": “Chega de falador, vamos sair dessa rotina, o povo quer é fazedor, e o fazedor, ô, ô, ô, ô, é Alberto Lavinas” - foi conquistando a preferência do eleitorado.
Concorreram àquelas eleições, do dia 15 de novembro de 1988, sete candidatos: Alberto Lavinas, pelo PDT, tendo como vice José Francisco Sobrinho; Luiz Carlos de Oliveira –Alceir José Corrêa, pelo PL; Carlos Alberto Barbosa Domingues-Thelmo Jorge Leal Portella, pelo PMDB;José Roberto Lopes Padilha-Luciano João Soares, pelo PT; pelo novíssimo e pouco conhecido Partido Municipalista Brasileiro, PMB, a dupla Murilo Mário Pullig Veiga-Luiz Augusto da Rocha Dias;Walter Emerson Manna Coutinho,na sexta colocação e Carlos Antônio de Souza Giácomo na sétima.
O comando daquelas eleições coube ao  juiz eleitoral Ciro Marcos da Silva que, nos trabalhos de apuração, foi secundado pelo juiz José Maria Ferreira. Naqueles idos, com apuração manual dos votos, três dias depois foram anunciados os resultados oficiais:Alberto da Silva Lavinas –21550 votos;Luiz Carlos de Oliveira-6281;Carlos Alberto Barbosa Domingues-5123;José Roberto Lopes Padilha-1547 e Murilo Mário Pullig Veiga-1470.
Alberto Lavinas elegia-se o 20º prefeito trirriense, com quase 70% dos votos, marca então nunca registrada na história eleitoral de Três Rios.

Foto:
Alberto da Silva Lavinas – eleito 20º prefeito de Três Rios, em 1988."