RÉQUIEM PARA O PREFEITO
3ª parte
Com quase dois anos de administração, a saúde do prefeito Alberto Lavinas se apresentava em franco e visível declínio, situação agravada após a sua volta de um congresso internacional de prefeitos, realizado na Alemanha, aonde fora se atualizar na consecução de novos meios e métodos de gestão pública.
Boatos pululavam sobre uma possível internação em clínica no Rio de Janeiro e informações desencontradas aconteciam sobre o seu real estado de saúde.
Um desenlace ocorreu quando, ao final de uma manhã, num sábado, de dois de fevereiro de 1991, chegava a Três Rios a infausta notícia do falecimento do seu prefeito.
Em pouco tempo uma multidão se aglomerou frente ao prédio da prefeitura, atônita e lamuriosa ao desventurado acontecimento e lá permaneceu em revezamento de vigília até o dia seguinte para acompanhar o seu sepultamento - ao solene som do toque fúnebre dos sinos da Igreja Matriz de São Sebastião - numa carinhosa e histórica manifestação de réquiem coletivo ao seu prefeito - o primeiro que tombava no exercício de seu mandato.
O povo de Três Rios comovido chorava a morte do seu prefeito!
Convocado, o vice-prefeito José Francisco Sobrinho foi imediatamente investido das prerrogativas de executivo, sabedor do grande desafio e responsabilidade que lhe apresentavam em substituir administrador do porte do prefeito falecido. Todavia, o novo prefeito pode contar com a colaboração do “staff” administrativo de Lavinas, fazendo pequenas adaptações à sua equipe de governo e conseguiu cumprir os dois últimos anos de mandato com discreta e quase satisfatória aceitação popular.
Um acontecimento durante o seu período administrativo veio ruidosamente dividir as opiniões sobre a sua gestão: as acontecidas emancipações dos distritos de Areal e de Comendador Levy Gasparian.
Esses novos municípios tiveram como seus primeiros prefeitos políticos egressos das hostes trirrienses: o ex-vereador Joel da Silva Maia, com sete mandatos cumpridos, foi eleito prefeito em Comendador Levy Gasparian e o também ex-vereador, por dois mandatos, José Francisco Sobrinho, o primeiro prefeito de Areal.
Como justo reconhecimento ao desempenho de Alberto Lavinas em seus dois tempos de governo, a municipalidade, ao amparo do aplauso do povo, deu à Avenida Beira Rio- construção de sua iniciativa - o nome oficial de Avenida Prefeito Alberto Lavinas, louro eterno àquele que tanto promoveu e elevou Três Rios.
Os inéditos acontecimentos das esferas política e territorial desse tempo deram uma nova feição de dois pesos e duas medidas a Três Rios.
Se por um lado, mesmo interrompida, a segunda administração de Alberto Lavinas acrescentou benefícios ao município, por outro lado, grupos políticos menores formavam opinião contrária à uma evidente predominância da hegemonia política que vinha se formando desde 1967 na esfera administrativa de Três Rios. Urgia novas lideranças!
Essa opinião política contrária coincidia com uma crescente insatisfação popular sob a mesma natureza. E daí logo foi levantada por esses dois punhos uma bandeira exigindo mudanças, contra o longo tempo de vida da oligarquia política dos grupos Lavinas-Nasser.
Essa reivindicação, ao embalo do princípio democrático da rotatividade do poder, novamente veio reencarnar históricos movimentos brasileiros colocados sempre em repúdio à cena da manutenção do poder por longo tempo interpretado pelo mesmo elenco.
Esse estado de espírito cívico e político desembocaria num profundo e vitorioso desejo de mudanças que comandou o clima das eleições de 1992.
Foto:
José Francisco Sobrinho – Vice – prefeito. Prefeito de Três Rios de 02/02/91 a 31 /12/92
