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RELEMBRANDO/ELEIÇÕES MUNICIPAIS TR 1988

RELEMBRANDO/ELEIÇÕES MUNICIPAIS TR 1988



RÉQUIEM PARA O PREFEITO

2ª parte

 

Ezilma Teixeira*

Na composição da nova Câmara de Vereadores, o partido do prefeito eleito, o PDT, fez maioria quando elegeu: Amaurílio Jairo de Lima - 559 votos; Vinícius Medeiros Farah - 547; Manoel José Soares –525, reeleito; Roberto de Souza – 387, reeleito; Odair Miguel da Gama Júnior –379 e Klécius Nasser Peralta – 371, reeleito. O PMDB elegeu: Joel da Silva Maia - 664 votos - reeleito, o mais votado e completando nessa eleição o seu sexto mandato naquele legislativo; José Bento Argon Sobrinho – 645; Micheli Felix –509; Elison Jorge – 453 e José Moacyr Pereira – 417. O PT elegeu dois vereadores, Luiz Paulo do Carmo e Silva com 468 votos, seguido de Amauri da Silva Rodrigues com 247, e número igual fez o PL,  elegendo Jadyr de Barros Santiago com 202 votos e Sebastião dos Reis Vantine com 200. Pelo PPR, o jovem Gustavo Pereira Veloso elegeu-se com 408 votos e Valdomiro Bastos, com 299.
Dessa nova composição aconteceu o embaraçoso episódio da cassação de um vereador.
Antes, na composição de 1982, aquela corte legislativa se vira envolvida em outro constrangedor e rumoroso episódio - e de grave natureza institucional: Hélio Carlos de Almeida – que não constou da divulgada listagem dos eleitos- foi o responsável pelo primeiro caso concreto de denúncia e comprovação de fraude eleitoral.
De maneira determinada recorreu da ilegitimidade que impedira a sua eleição, conquistando o seu justo mandato após recontagem de votos. Por força dessa última forma foi destituído o vereador José Bento Argon Sobrinho, que já ocupava por algum tempo cadeira naquela Casa Legislativa. Esse episódio teve repercussão nacional e se inscreveu nos anais da política municipal como fato marcante e decisivo na moralização dos processos de apuração eleitoral.
O novo episódio bizarro, dessa feita da Câmara eleita em 1988, levou à cassação de um vereador pelos seus pares. Após incessantes manobras e tentativas para uma solução que bem contornasse a questão, o vereador Gustavo Pereira Veloso, do PPR, foi destituído do seu mandato por falta de frequência no trabalho parlamentar. Esse ruidoso episódio, contudo, não foi inédito em Três Rios, posto que já estivesse devidamente registrada pela história outra cassação acontecida na Câmara eleita em 1951, a do vereador Jobal Soares de Azevedo, destituição com origem em um entrevero com o monstro sagrado da política entrerriense/trirriense Dr. Bernardo Bello, que acumulara em seu currículo político mandatos de deputado estadual e federal e altos cargos na administração estadual.
A diplomação dos eleitos em 1988 ocorreu no salão nobre da prefeitura no dia 6 de dezembro daquele ano e as posses a 1º de janeiro de 1989. Na ocasião o prefeito Alberto Lavinas,  proferindo discurso de investidura,  reafirmou suas intenções de atacar o que deixara irrealizado em sua primeira gestão.
Com audaciosa e ambiciosa visão administrativa acalentava o ideal de transformar Três Rios na metrópole do Médio Paraíba e chamava a atenção para essa viabilidade, oferecida, entre outros, pela excelente localização geográfica do município. Mãos à obra, deu curso para ultimar o seu ousado “Plano Piloto”.
Modificou trajetos e pontos do transporte urbano, criou área industrial, acelerou as obras na Avenida Beira Rio, acionou os tratores na terraplanagem da margem direita do Paraíba, desandou em furiosas desapropriações para alargar vias públicas que dificultavam a vida da cidade. Nada modesto, com mania de grandeza administrativa, queria uma Três Rios moderna, ao estilo do primeiro mundo. Se uma quase unanimidade aplaudia seus intentos, uma revolta de expropriados logo foi instalada ao meio do primeiro ano da sua gestão, mas nada o detinha. Nem as veladas ameaças dos políticos caseiros, nem a onda de boatos maledicentes que tentava atropelar a sua arrancada ao progresso.

Fotos:
Prefeito Alberto da Silva Lavinas em seu discurso de posse.
Hélio Carlos de Almeida – vereador empossado em 1882, após comprovação de fraude eleitoral.
Vereadores eleitos em 1988

* Ezilma Teixeira é professora e historiadora e autora de vários livros sobre a fundação de Três Rios.