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CÂNCER DE TESTÍCULO AFETA PACIENTES JOVENS: SAIBA QUAIS SÃO OS SINTOMAS

CÂNCER DE TESTÍCULO AFETA PACIENTES JOVENS: SAIBA QUAIS SÃO OS SINTOMAS




 

 

 

Doença é a mais frequente entre homens de 15 a 50 anos

O autoexame das mamas é um assunto constante quando o tema é a saúde feminina. Mas os homens também precisam ficar atentos ao próprio corpo e aprender a identificar sinais de alerta, como nódulos nos testículos. Tumores no local são responsáveis por 5% dos casos de câncer no Brasil, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA). A doença atinge, mais frequentemente, homens entre 15 e 50 anos.

 

O médico Joaquim Oquendo, urologista do Hospital Marcos Moraes, explica que o autoexame pode ser feito diariamente durante o banho. Para tornar a inspeção mais eficaz, a temperatura da água deve ser quente, pois ela relaxa o escroto, facilitando a verificação de qualquer mudança de tamanho, sensibilidade ou anormalidade na região.

 “A medida é importante porque a detecção precoce está associada a uma maior chance de cura”, ressalta o especialista.

 

Oncologista clínica da Oncoclínicas Rio de Janeiro, a médica Bárbara Barros salienta que a atenção deve começar na infância. “Os meninos devem ser examinados rotineiramente para descartar a criptorquidia (não migração dos testículos para a bolsa escrotal). Já para os homens adultos, o autoexame possibilita que se verifique se há alterações na forma e no tamanho nos testículos, que podem ser decorrentes de tumores. Eles devem ficar atentos também a sintomas como dor abdominal e sangramento na urina”, diz a especialista.

 

Caso seja detectada qualquer alteração durante o autoexame, o paciente deve procurar um especialista, que vai avaliar a necessidade de uma ultrassonografia para confirmar se há um nódulo e se seu conteúdo é sólido ou líquido (cisto). "A maioria dos nódulos sólidos ao ultrassom, infelizmente, representa uma neoplasia. Por isso fazemos a cirurgia sem necessidade de biópsia prévia”, explica Oquendo.

 

Perda da fertilidade é um temor comum

Quando a cirurgia de retirada do testículo é realizada, é comum que os homens temam a perda da fertilidade. Bárbara explica que a doença em si não afeta a capacidade reprodutiva, mas os tratamentos posteriores podem, sim, interferir. Por isso, ela recomenda que seja realizada uma conversa com os pacientes, informando sobre os riscos e soluções.

“O câncer de testículo não aumenta o risco de infertilidade, mas devemos sempre orientar os homens que forem diagnosticados, que os tratamentos podem interferir na fertilidade e informar sobre a possibilidade de congelamento (crio preservação) de espermatozoides antes do início das sessões de radioterapia e quimioterapia”, orienta Bárbara.

 

Diagnosticado com câncer de testículo, veterinário é hoje pai de duas meninas

 

Quando tinha 27 anos, o veterinário André Saintive Cardia começou a sentir um desconforto abdominal. Como a dor era persistente, ele procurou atendimento médico e fez, a pedido do profissional de saúde, uma ultrassonografia de abdômen e pelve. Durante o exame, André foi informado de que deveria procurar seu médico com urgência, pois foram identificados vários tumores em seu testículo direito.

 

“Foi um choque. Imagina uma pessoa jovem receber a notícia que teria que retirar um testículo. Fiquei me perguntando se perderia minha masculinidade, se poderia seguir com meu sonho de ser pai”, conta.

 

Ao chegar na casa dos pais, com quem morava, André deu a notícia e entrou em uma corrida contra o tempo. Realizou, no dia seguinte, a coleta de espermatozoides, que foram congelados. E, logo depois, foi submetido à cirurgia.

 

“Em três dias, eu já estava sem o testículo. Passei a fazer acompanhamento de marcador tumoral e, logo no segundo mês, ele apareceu alterado. Eu estava com um nódulo no peritônio e tive que fazer quimioterapia. Foi um período difícil, mas que me ensinou muita coisa. Hoje  dou mais valor ao que importa”.

Hoje, André faz questão de trazer esperança para quem enfrenta a mesma doença que ele teve. “Mesmo após a quimioterapia, tinha uma quantidade boa de espermatozoides, mas não estava no momento de ter filhos. Dez anos depois, sempre pensando se seria possível ou não, tive minha primeira filha. Hoje, são duas meninas, uma de 2 anos e outra de 4 anos. Os espermatozoides que retirei antes da cirurgia continuam congelados e não foram necessários”.   

 

Sintomas

 

André diz que não sentia nenhuma diferença nos testículos quando foi diagnosticado, mas é importante saber que o sintoma mais comum é o aparecimento de um nódulo duro que, às vezes, provoca dor. Os pacientes podem sentir também o testículo aumentado e um peso ou dor abdominal, caso do veterinário.

 

Também podem despertar a atenção dos homens outros sintomas, como aumento ou diminuição no tamanho dos testículos; endurecimentos; dor imprecisa na parte baixa do abdômen; sangue na urina; sensibilidade dos mamilos (raro); e puberdade precoce, com crescimento de pelos faciais e corporais antes do esperado.

 

Fatores de risco

 

O principal fator de risco é a criptorquia, condição em que o testículo não se encontra na bolsa testicular (comum em bebês recém-nascidos, quando o testículo não desce para o saco de pele).

 

Tratamento

O tratamento é inicialmente cirúrgico, para a retirada de todo o testículo afetado. A cirurgia pode ser seguida de quimioterapia ou de radioterapia, a depender do tipo histológico do tumor e da extensão da doença.

 

“Os tratamentos complementares à cirurgia dependem, fundamentalmente do tipo histológico do tumor e se há comprometimento linfonadal, pulmonar ou cerebral, por exemplo. É importante lembrar que quanto mais cedo o tumor for tratado, menores a necessidade de realização de terapias complementares como quimioterapia e radioterapia, maiores as chances de preservação da fertilidade e de cura", finaliza Oquendo.